A Copa do Mundo de 1970 foi no Piauí, pelo menos, para os maranhenses, que se arriscaram em uma viagem, para assistir à final da competição ao vivo pela televisão. No final dos anos 60 e início dos anos 70, o Brasil ainda não conseguia cobrir toda a federação com o sinal de televisão via embratel. As torres de transmissão estavam sendo construídas e o link que partia do Rio de Janeiro não chegava a São Luís, Cantanhede e ao Maranhão. A alternativa para o atraso tecnológico foi botar o frito (lanche típico da época para longas viagens na mala do carro), enfrentar mais de 400 km de estrada e calor infernal, atravessar o rio Parnaíba, por meio da antiga ponte da REFESA e chegar à cidade de Teresina, capital do Piauí. De São Luís e de outros tantos municípios do Maranhão partiram várias caravanas. Um grupo de apaixonados por futebol, partiu de Cantanhede, liderado pelo então prefeito da época, Cidinho Amaral e rumou à Teresina, para assistir à final da copa, no dia 21 de junho de 1970, ainda em preto e branco e com direito a uma casquinha, que os piauienses tiraram dos maranhenses que chegavam à capital do estado. Várias faixas espalhadas pela cidade diziam: “Maranhenses – Bem-vindos ao México”, uma provocação, que nos dias de hoje, com transmissão via satélite, imagem em cores, sinal digital e televisão de LED figura com história de pescador. A caravana de Cantanhede era composta por 10 pessoas, entre eles: Cidinho Amaral (Prefeito), Celso Fiquene (Coletor de Impostos), Onildo Pereira da Silva (Secretário da JSM), Raimundo Araújo (motorista), Hildemar Batista de Sousa (Secretário de Administração), Leôncio Caldas (Vereador), Lúcio Correa da Silva (funcionário da prefeitura), Justino Veras (Timba), João Baima (Vereador) e Raimundo José Amaral (12 anos). O “confortável” transporte da viagem, dois carros modelo rural, uma azul (ano 1968) e outra azul e branca (ano 1970). Os mochileiros da época saíram de Cantanhede, por volta das 07h00 da manhã e chegaram à Teresina na hora do almoço, onde em uma churrascaria, da Avenida Maranhão assistiram ao jogo. A caravana cantanhedense retornou à cidade de Cantanhede, por volta das 17h00 e ainda chegou a tempo de assistir ao vídeo tape da final, às 22h00, por meio do sinal da TV Difusora, canal 4 de São Luís, que chegava à Cantanhede, por meio de uma torre localizada no povoado Cigana. Outro fator curioso é de que em Cantanhede só havia um aparelho de televisão e a energia elétrica era fornecida por um pequeno gerador, que teve de funcionar até mais tarde neste dia. A aventura até que valeu a pena, pois o Brasil de Pelé, Tostão, Jairzinho e companhia, de forma magestral goleou a seleção da Itália por 4 a 1 e tornou-se tricampeã do mundo. O Especial de Domingo deste 20 de junho de 2010, volta 40 anos no tempo, para homenagear os conquistadores da copa e os maranhenses que invadiram o Piauí.
Final
Na final, o Brasil saiu na frente, com Pelé cabeceando um cruzamento de Rivellino no minuto 18. Roberto Boninsegna empatou para os italianos após falha da defesa brasileira. Gérson bateu um forte chute para o segundo gol, e ajudou na marcação do terceiro, com um lançamento de falta para Pelé que cabeceou para Jairzinho. Pelé finalizou sua grande performance saindo da marcação da defesa italiana e assistindo Carlos Alberto Torres no flanco direito para o gol derradeiro. O gol de Carlos Alberto, após uma série de passes da seleção brasileira da esquerda para o centro, é considerado um dos mais belos gols marcados na história do torneio. A vitória consagrou o Brasil como a primeira equipe a conquistar três títulos na história das Copas.
Com sua terceira vitória após 1958 e 1962, o Brasil pôde reter a posse da Taça Jules Rimet permanentemente (ironicamente, ela seria roubada em 1983 enquanto estava em exposição no Rio de Janeiro e nunca foi recuperada). O técnico brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo foi o primeiro futebolista a se tornar campeão mundial como jogador (1958 e 1962) e como técnico, e Pelé encerrou sua carreira nas Copas do Mundo como o primeiro (e até agora único) vencedor por três vezes.
Jairzinho marcou pelo menos um gol em cada dos seis jogos do Brasil (no primeiro jogo, contra a Tchecoslováquia, ele marcou dois), um feito que até agora não foi repetido. Porém, o artilheiro do torneio foi Gerd Müller, da Alemanha Ocidental, com 10 gols. Müller conseguiu marcar hat-tricks em dois jogos consecutivos, contra a Bulgária e contra o Peru na fase de grupos.
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