Inconsolável, Benedita conta que teve uma gestação tranquila e sem qualquer problema de saúde. Quando entrou em trabalho de parto, ela foi imediatamente para o posto de saúde Clóvis Chaves, em Cantanhede, pois o Hospital Santa Filomena está fechado para reforma. Sem condições de atendê-la, o médico que a recebeu lhe encaminhou para uma maternidade em Itapecuru.
O atraso na transferência resultou em sequelas no bebê por falta de oxigenação no cérebro. Por esse motivo, os médicos encaminharam Benedita para a capital onde seu filho ficou internado na UTI Neonatal do Hospital Juvêncio Matos desde o dia 3 de dezembro, falecendo ontem pela manhã após a segunda parada cardíaca.
Na opinião da lavradora, se o Hospital Santa Filomena estivesse funcionando seu filho ainda estaria vivo. O hospital está fechado desde janeiro deste ano. Os atendimentos, dos casos mais simples, são realizados no Centro de Saúde Clóvis Chaves, que normalmente encaminha para Itapecuru, principalmente as mães grávidas. “Uma amiga minha faleceu na porta do posto de saúde quando ia ser transferida para Itapecuru para ter neném”, contou.
Benedita relembra que muitas das vezes os pacientes eram levados para Pirapemas, mas lá não aceitaram mais pacientes procedentes de Cantanhede. “Demorei mais de 8 dias para conseguir uma consulta com o clínico geral e depois disso mais uma semana para ser atendida”, disse.
ATENDIMENTO PRECÁRIO
Esse não é o primeiro caso que termina de forma trágica por falta de atendimento no Hospital Santa Filomena este ano. Grávida do primeiro filho, a jovem Maria Lourdiane foi encaminhada para Itapecuru, onde deveria receber o atendimento que o Hospital de Cantanhede não teve condições de prestar por estar fechado. Mas, por causa da superlotação (naquele dia, só de Cantanhede havia 9 pessoas aguardando atendimento) fora conduzida para São Luis. Resultado: devido a demora em ser atendida morreu por complicações no parto. Mais triste é saber que isso aconteceu exatamente no dia em que a jovem completava 18 anos de idade. O episódio aconteceu mês de junho deste ano.
Há pouco mais de um mês, o Jornal Extra publicou denúncia feita pelo vereador Wilson Brito (PSC), aos órgãos competentes, de que o prefeito de Cantanhede, José Martinho (DEM) estaria desviando recursos provenientes do SUS destinados ao Hospital Municipal Santa Filomena, que está fechado para reformas desde fevereiro/2010.
Na matéria, o prefeito se defende. Explica que os recursos estavam sendo repassados para as prefeituras de municípios vizinhos para custeio de internações dos pacientes procedentes de Cantanhede.
Entretanto esse argumento carece de credibilidade, primeiro porque as prefeituras não podem repassar recursos para outras unidades administrativas, há menos que tudo esteja sendo praticado à revelia da lei, e segundo, porque as prefeituras vizinhas já começam a se recusar a receber pacientes de Cantanhede. O mau funcionamento dos serviços de saúde, no município de Cantanhede já ocasionou três mortes por complicações de parto, só este ano.
Blog Fora Kabão
0 comentários:
Postar um comentário