São Paulo e Natal são maiores preocupações para Mundial

Relatório do Sinaenco mostra quais estádios estão mais atrasados para 2014
Projeto do Estádio das Dunas, em Natal: até agora, só um desenho

Ainda assim, o governo segue sustentando que não há motivo para alarme, ainda que admita a necessidade de acelerar as obras

O que existe em comum entre a sede mais concorrida da Copa do Mundo de 2014 e uma das maiores candidatas a ganhar um elefante branco depois do Mundial no Brasil? As duas são as maiores causas de preocupação dos especialistas na contagem regressiva para o evento. De acordo com um relatório do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), os estádios de São Paulo e Natal são os que provocam maiores receios a pouco mais de três anos da Copa. O documento tem treze páginas e detalha os problemas de cada estádio em construção ou em reforma no país.

Em quase quatro anos desde a escolha oficial do Brasil para receber o Mundial, a situação de São Paulo já mudou diversas vezes. O relatório do Sinaenco lembra que a capital paulista apostava no Morumbi, mas trocou de estádio em junho de 2010, com o anúncio do projeto do Corinthians, no bairro de Itaquera. O relatório afirma, porém, que a construção do "Itaquerão" continua "sem definição" - afinal, falta a liberação formal do terreno para a obra, o cumprimento de diversos trâmites burocráticos e, enfim, o início das obras - que dependem ainda do desvio de dutos da Petrobras que passam sob a área do futuro estádio.

O "Itaquerão", porém, não está sozinho - de acordo com o relatório, o futuro Estádio das Dunas, em Natal, era o campeão do atraso até o primeiro trimestre deste ano. O edital da Parceria Público-Privada (PPP) que viabilizaria a construção foi o último entre todas as cidades. Depois de não encontrar nenhum interessado na licitação, no fim do ano passado, o governo mudou os termos da proposta e fez nova tentativa em março. Com uma única concorrente, não houve disputa - mas ainda assim a construção foi autorizada. Não existe, porém, qualquer certeza sobre a conclusão das obras a tempo para o Mundial.

Deficiências - Na terça-feira, os representantes do Sinaenco participaram de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o andamento das obras para a Copa. Falando à Comissão de Turismo e Desporto da Casa, João Alberto Viol, presidente de sindicato, e José Roberto Bernasconi, que comanda a entidade em São Paulo, disseram que o Brasil está pelo menos um ano atrasado nos preparativos. Na visão de ambos, o atraso no início das obras dos estádios é ainda menos importante do que a falta de perspectivas de avanços na mobilidade urbana e na infra-estrutura aeroportuária para o evento.

"Temos uma deficiência estrutural grave, que precisa ser corrigida. Temos uma cultura de executar a obra pública sem pensar antes e sem fazer projeto. Se você não tem projeto e trabalha no escuro, você tem riscos. Isso favorece os desvios”, disse Viol aos parlamentares. “O problema é que deixamos passar muito tempo. Ká estamos no segundo tempo. O Brasil sabia que era bola da vez desde 2005. Nós deixamos o tempo passar”, reforçou Bernasconi. Apesar do atraso, ambos ressaltaram que o cenário já esteve pior: hoje, dez estádios já têm obras iniciadas. Ainda assim, o atraso médio em relação ao cronograma ideal é de um ano.

Promessas - Ainda assim, o governo segue sustentando que não há motivo para alarme, ainda que admita a necessidade de acelerar as obras. Também na terça, os ministros do Planejamento, Míriam Belchior, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disseram que não existe qualquer tipo de "desespero" para concluir os preparativos para a Copa e para a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. “Vamos trabalhar numa velocidade maior e vamos cumprir todos os compromissos”, disse Carvalho. “O país inteiro está preocupado com o tema e vai se empenhar para que o Brasil tenha um excelente desempenho na Copa”, completou a ministra.

Na opinião de Carvalho, as críticas em relação à demora do Brasil para deslanchar os preparativos para a Copa - que partem inclusive do presidente da Fifa, Joseph Blatter - não são justificadas. Para ele, mostram um complexo de inferioridade do brasileiro. “Muita gente prefere apostar que o Brasil não vai dar conta. Parece que aposta na desgraça. Há setores da sociedade que ainda não venceram o complexo de vira-lata”, afirmou. Especialistas dos mais variados setores são unânimes na avaliação de que o Brasil não se organizou de forma adequada para receber o evento - e que o país conduz os preparativos de forma equivocada.

Leia no blog do Reinaldo Azevedo:

Quando o governo brasileiro se comprometeu a fazer as obras para a Copa do Mundo e para os Olimpíadas, conhecia a legislação a que estão subordinados os empreendimentos públicos, inclusive aquela que diz respeito à fiscalização. Por incúria, atrapalhação, inexperiência, falta de clareza etc, está tudo atrasado. E qual é a idéia genial do PT? Afrouxar a fiscalização! Dilma é considerada o petismo de arestas aparadas. A proposta de se botar a lei de lado em nome da Copa do Mundo e da Olimpíada revela mais do que uma escolha conjuntural: revela uma natureza.

Vinheta Oficial da Copa do Mundo Brasil 2014



Fonte VEJA

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